domingo, 28 de outubro de 2012


O QUE ESSES DOIS PERSONAGENS TÊM EM COMUM?


LULA                                                                  











HOUDINI
  

sábado, 20 de outubro de 2012

UMA QUESTÃO DE ESTATÍSTICA (CAI NO ENEM)
Cajazeiras possui cerca de 500.000 habitantes. Havia cerca de 5.000 pessoas no comício de Dilma. Isso dá algo em torno de 1% da população local. Bom número, diriam os PeTistas. Mas temos que considerar que, dos 5.000:
10 % foram por curiosidade
10% foram vender churrasquinho e cerveja, afinal, não se pode perder uma oportunidade dessas.
10% foram ver a nam
orada que os pais só deixam sair pra ver comício do PT.
10% não conseguiram ir adiante, por causa do engarrafamento.
10% pararam pra perguntar que lugar era aquele, diferente do caminho que tinha visto, pela manhã.
5% tinham ido buscar a filha, ao saber que o comício era do PT.
5% tinham ido buscar o filho ao saber que a namorada não avisara em casa dos pais que o comício era do PT.
10% foram manifestar sua indignação contra os pais que ainda querem controlar a opção política das filhas.
10% foram na esperança de ver alguém da Femen.
10% foram na esperança de acabar com essa pouca vergonha de em tudo a Femen aparecer.
10% foram na esperança de explicar o que pretende, afinal, a Femen.
10% foram manifestar seu apoio às vadias.
10% foram esclarecer que não são vadias.
10% foram ver Dilma.
Pelegrino foi ver Wagner.
Wagner foi ver Pelegrino.
Eu fui ver o HELICÓPTERO.
Do total, quantos foram, de fato, ao comício para apoiar o candidato a Prefeito?

terça-feira, 19 de junho de 2012

NOSSO FUTURO COMUM


GENTE, LER ESSE TEXTO DE FERNANDO GABEIRA ME FAZ ACREDITAR
 QUE AINDA HÁ VIDA INTELIGENTE NO CENÁRIO POLÍTICO NACIONAL
Fernando Gabeira
O ponto de partida é uma frase de Lula: “Não deixarei que um tucano assuma
 de novo a Presidência“. Lembro, no entanto, que não sou de pegar no pé de
 Lula por suas frases. Cheguei a propor um “habeas língua” para o então
 presidente na sua fase mais punk, quando disse que a mãe nasceu analfabeta
 e que se a Terra fosse quadrada a poluição não circularia pelo mundo. 
Lembro também que hoje concordo com o filósofo americano Richard Rorty: 
não há nada de particular que os intelectuais saibam e todo mundo não saiba. 
Refiro-me à ilusão de conhecer as leis da História, deter segredos profundos
 sobre o que dinamiza seu curso e dominar em detalhes os cenários futuros da
 humanidade.
Nesse sentido, a eleição de Lula, um homem do povo, sem educação formal
 superior, não correspondeu a essa constatação moderna de Rorty. Isso
 porque, apesar de sua simplicidade, Lula encarnava a classe salvadora no
 sonho dos intelectuais, via luta de classes como dínamo da História humana, e 
traçava o mesmo futuro paradisíaco para o socialismo. Na verdade, Lula falava a
 linguagem dos intelectuais. Seus comentários que despertaram risos e ironias no
 passado eram defendidos pelos intelectuais com o argumento de que, apesar de
 pequenos enganos, Lula era rigorosamente fundamentado na questão essencial: 
o rumo da História humana.
A verdade é que a chegada do PT ao poder o consagrou como um partido 
social-democrata e, ironicamente, a social-democracia foi o mais poderoso
 instrumento do capitalismo para neutralizar os comunistas no movimento operário.
 São mudanças de rumo que não incomodam muito quando se chega ao poder. 
O capitalismo é substituído pelas elites e o proletariado salvador, pelos consumidores
 das classes C e D. Os sindicalistas vão ao paraíso de acordo com os critérios da
 cultura nacional, consagrados pela canção: É necessário uma viração pro Nestor,/
 que está vivendo em grande dificuldade.
Se usarmos a fórmula tradicional para atenuar o discurso de Lula, diremos que o
 ex-presidente queria expressar, com sua frase sobre um tucano na Presidência, 
que faria todo o esforço para a vitória do seu partido e para esclarecer os
 eleitores sobre a inconveniência de eleger o adversário. Lula sabe que ninguém manda
 no processo eleitoral. São os eleitores que decidem se alguém ocupará a Presidência.
 Foi só um rápido surto autoritário, talvez estimulado pelo tom de programa de TV, luzes
 e uma plateia receptiva.
Se o candidato tucano for, como tudo indica, o senador Aécio Neves, também eu, em
 trincheira diferente da de Lula, farei todo o esforço para que o tucano não chegue
 à Presidência. Aécio foi um dos artífices na batalha para poupar Sérgio Cabral da
 CPI e confirmou, com essa manobra, a suspeita de que não é muito diferente do PT
 no que diz respeito aos critérios de alianças e ao uso da corrupção dos aliados para
 fortalecer seu projeto de poder. Tudo o que se pode fazer, porém, é tornar clara
 a situação para o eleitor, pois só ele, em sua soberania, vai decidir quem será o eleito.
Na verdade, essa batalha será travada também na esfera da economia. Vivemos um
 momento singular na História do mundo. A crise mundial opõe defensores da
 austeridade, como Angela Merkel, e os que defendem mais gastos e investimentos,
 dentro da visão keynesiana de que a austeridade deve ser implantada no auge do 
crescimento, e não durante o período depressivo. O PT dirigiu o País num período
 de crescimento e muitos gastos, não tanto no investimento, mas no consumo. 
É possível que esse modelo de estímulo à economia tenha alcançado seus limites.
Muito possivelmente, ainda, o curso dos acontecimentos não dependerá tanto da vontade de
 Lula nem dos nossos esforços individuais. A democracia prevê alternância no poder. E a
 análise de como essa alternância se dá na prática revela, em muitos casos, uma gangorra
 entre austeridade e gastança. De modo geral, a crise derrota um governo austero e coloca
 seu oposto no poder, como na França. Mas às vezes derrota um governo social-democrata
 e elege seu adversário direto, como na Espanha.
Pode ser que o esgotamento do modelo de estímulo ao consumo abra espaço para discurso de
 reformas fiscal e trabalhista, de foco em educação e infraestrutura, enfim, de uma fase de
 austeridade. E não é totalmente impossível que um partido de oposição chegue ao governo.
 Restaria ao PT, nesse caso, um grande consolo: ao cabo de um período de austeridade, o 
partido teria grandes chances de voltar ao poder com seu discurso do “conosco ninguém
 pode”, do “vamos que vamos”, “nunca antes neste país”… Não estou afirmando que esse
 mecanismo vai prevalecer, é uma das possibilidades no horizonte. A outra é o próprio
 PT assumir algumas das diretivas de austeridade e conduzir o processo sem necessariamente
 deixar o poder.
Por mais que a crise seja aguda, o apelo ao consumo e à manutenção de intensas políticas
 sociais é muito forte na imaginação popular. O discurso de austeridade só tem espaço eleitoral
 quando as coisas parecem ter degringolado.
O futuro está aberto e não será definido pela exclusiva vontade de Lula. Com todo o
 respeito ao Ratinho e sua plateia, o povo brasileiro é mais diverso e complexo. Se é verdade
 que a História não se define nas academias intelectuais, isso não significa que ela tenha
 passado a ser resolvida nos programas de auditório.
No script do socialismo real o proletariado foi substituído pelo partido, o partido pelo comitê
 central e o comitê central por um só homem. No script da social-democracia tropical Lula
 substituiu o proletariado, o partido, o comitê central e o próprio povo brasileiro ao dizer
 que não deixará um tucano voltar à Presidência. Se avaliar com tranquilidade o que disse, 
Lula vai perceber que sua frase não passa de uma bravata.
O que faz um homem tão popular e bem-sucedido bravatear no Programa do Ratinho é um
 mistério da mente humana que não tenho condições de decifrar. A única pista que me vem
 à cabeça está na sabedoria grega: os deuses primeiro enlouquecem aqueles a quem querem
 destruir. 

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Prisco, de novo, o velho...

Lembro-me da ultima greve da PM. Não com os detalhes que minha memória criativa oferece cada vez que tendo recordar algo antigo. Lembro-me da greve como um período de tumultos, as pessoas com medo de que algo grave acontecesse (como se não acontecesse nada de grave nos períodos "normais").
Ler, na semana passada, que os homicídios tinham chegado a cinquenta e tantos, "o dobro do que acontece em semanas normais", foi, para mim, como uma pancada no estômago. Imaginem: considerar normal uma semana em que morrem, por assassinato, mais de vinte pessoas numa cidade!

Lembro-me, dizia, da última greve da PM. O PT apoiando, defendendo o direito democrático da greve, considerando com gravidade a necessidade de os policiais auferirem um salário digno; incentivando os policiais, conclamando a população a apoiar a legítima reivindicação daqueles que arriscavam suas vidas para assegurar nosso direito de ir e vir; acusando o Estado em geral e o governo (da Bahia) em particular de falta de sensibilidade, trato político, eficácia, preocupação com a segurança dos cidadãos. Devia ter mais coisa nos discursos. Algumas eu devo ter acrescentado por conta de minha memória criativa. Tivesse eu um pouco mais de decoro (não aquele dos parlamentares) e empregaria (quase escrevo "gastaria") um pouco de tempo pesquisando os fatos, tais como foram publicados pelos jornais e revistas da época. Mas estou cansado, e quero apenas escrever algo descomprometido com os rigores metodológicos e com as pretensões de verdade.
Pensava, hoje, naquela greve ( e todos os jornais lembrando que o mesmo Prisco da última vez era um dos líderes da paralização atual) quando, de repente, o nome de Prisco me assaltou (trocadilho infeliz) oferecendo uma luz nova: não sei de onde tirei a ideia da semelhança entre a palavra "aprisco" e o nome do líder do movimento paredista. Recorri ao velho amigo dicionário e este me informou que prisco não tem qualquer relação com aprisco. O segundo, como se sabe, significa curral, local onde se guardam as ovelhas; também significa covil (lugar onde os bandidos se encontram), mas esse é um significado meio em desuso; os religiosos consideram aprisco os membros da Igreja, e assim por diante. Já "prisco", informa o Houaiss, significa antigo, velho.
Fiquei pensando: então Prisco, o soldado paredista, já tem no nome a marca da vocação. Estivesse eu lendo um romance, diria: que autor inteligente! colocou no personagem um nome que tem tudo a ver com o que ele está fazendo: repetindo o feito de tempos antigos. De fato, Prisco é antigo. Pena que os seus amigos e tutores de antigamente já não sejam os mesmos. Os petistas que, antigamente, eram a favor de todo movimento que buscasse a melhoria de condições dos trabalhadores, já não pensam assim.
Prisco é antigo e, por isso, incomoda. Jacques Wagner é moderno! o PT é moderno. O antigo incomoda o moderno.
Mas, estou sendo injusto com o nosso governador. Pensando melhor, sou obrigado a admitir que ele não é tão moderno assim. Ele também é, de certo modo, prisco. Senão, vejamos: tropas policiais, recusa a dialogar, levando os policiais ao estado de greve, grandiloquência, soberba, cinismo... tudo isso me lembra alguém que há poucos anos, aqui na Bahia, só estava feliz quando as ovelhas não estavam balindo e permaneciam silentes no aprisco. Ave, Prisco!